Um virgem em Paradise Café
- Gameverna
- Apr 4, 2020
- 3 min read
Um resumo da minha primeira experiência com o clássico Português do ZX Spectrum

Depois do desafio de conseguir correr alguma coisa no meu Timex 2048, eu, que nada conhecia de Spectrum, tinha obrigatoriamente de experimentar em primeiro lugar o clássico Português Paradise Café. Esta foi a experiência mais curta e hilariante que tive com um jogo até hoje. Neste título controlamos um adulto do sexo masculino que se desloca automaticamente por uma rua com portas. O jogo não tem som e obviamente tem uns gráficos bastante primitivos. A única interactividade que existe é o pressionar de certas teclas para responder a certos NPCs. Depois do loading feito a aventura começa, e lá vai o nosso personagem a caminhar devagar pela rua. A primeira porta que se abriu uma senhora perguntou “Olá, não queres entrar?”, assim mesmo à bruta, nem um cafezinho primeiro nem nada. A proposta não me surpreendeu, nunca tinha visto o jogo nem nunca o tinha experimentado mas já sabia que era um jogo para adultos.

Não fazia ideia das teclas mas ao bom estilo do DOS carreguei na tecla S com esperança de isso se traduzir em sim. Bem dito e bem certo. De repente o ecrã de jogo muda para um quarto, com o meu personagem e a senhora nus um em frente ao outro. Em texto, sim porque vozes nesta altura era tão futurista como um sabre de luz, a senhora pergunta “Então o que queres?”. “Oh diablo!” foi o que eu disse para mim mesmo, pensei em dizer uma Coca-Cola mas presumi que não fosse isso que o jogo queria que eu quisesse. Como tal pressionei o botão B, o que aconteceu depois fica ao critério da vossa imaginação, mas lembrem-se, é tudo em pixéis amarelos hilariantemente animados. No fim a senhora disse, “são 2000$”, aqui apercebi-me que tinha 30000$ e que até existia um sistema de pontuação. Pensei para mim, bem se tenho 30000$ isto nunca mais acaba. Não podia estar mais enganado. Na porta a seguir aparece outra senhora que me pergunta a mesma coisa, mais uma vez não pensei muito sobre o assunto, percebi logo que as mulheres neste jogo não são de muita conversa. Desta vez apertei o botão F, mais uma vez o que aconteceu a seguir fica a cargo da vossa imaginação. Desta vez foi só 1000$, o que eu achei muito estranho, não que eu tenha experiência neste campo mas não deveria ser mais caro? Enfim, o personagem continuou a andar pela rua e na próxima porta estava aquilo que dá nome ao jogo, o paradise café. Estava o meu personagem a desfrutar de uma bebida desconhecida quando se aproxima um senhor e diz “tenho uma arma, queres por 1000$?”, “hmmmmm ok, é capaz de dar jeito” pensei.

Como estava a ser uma grande seca no bar e não acontecia nada (numa segunda vez percebi que podia comprar pelo menos um outro item no bar) decidi sair para a rua de novo. Na porta seguinte apareceu um ladrão que me roubou a carteira, pensei em usar a arma mas não sabia qual era a tecla. Fiquei a zeros. Na próxima porta outra senhora, a mesma pergunta, a mesma resposta. Lá dentro para ser criativo pressionei a tecla C, mais uma vez, imaginem o que é. Quando acabou ela diz, “são 2000$” e eu pensei “bem, deve ser game-over”. Mas não, de repente ela chama o Reinaldo, o mítico Reinaldo e diz “este não quer pagar”. Pelo que aconteceu a seguir imagino que o Reinaldo tenha clicado no botão C do seu Spectrum. Um bocado dorido o personagem lá continuou pelas ruas. Na porta a seguir aparece um polícia que me pede identificação, mas como não tinha carteira foi o fim do passeio. Apareceu então finalmente um ecrã de game-over com o nosso personagem na prisão e um aparente auto-fire do botão M. E foi assim que experimentei pela primeira vez um dos jogos portugueses mais icónicos de sempre e acreditem foi muito engraçado, só a parte do Reinaldo é que não teve assim tanta piada.

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