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RPG antes de FPS

  • Writer: Gameverna
    Gameverna
  • May 3, 2020
  • 5 min read

Uma análise a Outer Worlds

Daqueles que foram considerados os melhores jogos do ano de 2019, segundo os VGA vá, só me faltava acabar o Outer Worlds. Ah e o Super Smash mas eu não gosto de aborrecimento, e para andar à pera ia jogar Tekken ou outro fighting game a sério. Uhhhhh doeu? Pffff casuals… Não foi por motivo nenhum em especial que este era o último, na verdade antes de ficarmos todos fechados em casa comprei os dois que faltavam, este e o Control, sobre o qual já escrevi aqui no blog. Mas depois de Odyssey foi bom mudar completamente de tema. A seguir à Grécia antiga, vamos ao espaço, a outro sistema solar. Estou é a ficar mal habituado, só tenho jogado coisas muito boas ultimamente, até Sinking City que acaba por ter vários problemas, considero que tenha sido uma nota muito positiva. Daqui a pouco não consigo pegar em coisas medíocres, e ainda tenho tanta coisa de Mega Drive para experimentar. Enfim, agora isso não interessa. Outer Worlds é o último jogo da Obsidian, empresa nascida das cinzas da Black Isle. No seu portfólio encontram-se coisas como Fallout, Fallout 2, Fallout: New Vegas, Planescape Torment, Pillars of Eternity, Icewind Dale… e muitos outros de qualidade irrefutável.

É engraçado que com este título parece que se sentaram à mesa e o chefe disse “meus amigos, vamos fazer um jogo como os da Bethesda, mas bom”, e assim começou a produção. Ainda mais engraçado é que conseguiram exatamente o que o chefe queria. Para quem está familiarizado com os Elder Scrolls ou os últimos Fallout (3 & 4), vai sentir-se em casa, mas só para o bem, o mal ficou de lado. Em termos de bugs infinitos está aqui um trabalho de qualidade bastante melhor, mas também é preciso frisar que a dimensão é diferente. Não é que Outer Worlds tenha um mundo pequeno, mas está fragmentado em vários mapas. Mas por acaso não é um jogo muito extenso, se o quiserem acabar rapidamente podem fazê-lo numas quinze horas. Ui que problemaço, um RPG com quinze horas? Não vale a pena o dinheiro, bue podre, se calhar nem tem crafting, há jogos de acção maiores blah blah blah blah. O que interessa é isto, eu não demorei quinze horas, demorei mais, mas achei que a duração foi perfeita. Quando acabei estava preparado para passar a outra coisa, e se o jogo tivesse feito mais 20 horas de enchouriçamento (termo cotado na análise do God of War, e a partir de então oficial), não tinha gostado tanto. É grande o suficiente, e ainda bem que assim o é, só é pena a narrativa principal ser curta, ter um fim repentino e não evoluir muito. Mas aqui as missões secundárias são das melhores que me lembro, e vale a pena fazer muitas delas.

Conhecer o mundo de Outer Worlds é o mais positivo das missões secundárias. O mundo é lindíssimo, e todos os planetas são muito diferentes uns dos outros. Só temos uma dúzia de cenários diferentes, mas antes todos lindos e diferentes, do que ter quatro mil milhões de planetas e serem todos iguais - estou a olhar para ti No Man’s Sky. Os gráficos apesar de bons, não são surpreendentes mas valem muito pela diversidade. Uma coisa muito particular é o céu em Outer Worlds, está sempre cheio de estrelas e planetas e outras estruturas alienígenas. Não me lembro de outro jogo que aproveitasse tão bem o céu e o horizonte. As conversas com os personagens são um pouco estranhas, mesmo ao estilo dos jogos da Bethesda, mas o que interessa é que o diálogo está muito bem escrito. As nossas respostas é que por vezes me metiam confuso. Normalmente estes jogos dão a possibilidade de dar respostas variadas, numas vamos parecer bonzinhos, noutras vamos parecer arrogantes, noutras vamos ser só capitães do óbvio etc. Por mais do que uma vez, nestas árvores de diálogo, deparei-me com situações em que as minhas opções era ser arrogante, cabrão, inconveniente, retardado ou presunçoso. Estranho, mas nada contra, venha de lá o politicamente incorrecto neste mundo de humanos facilmente ofendidos.

Ao escrever este texto, deparei-me com uma coisa, não há propriamente nenhum rant a fazer, apesar de ser um jogo bastante recente não sofre da maior parte dos problemas comuns hoje em dia. Na verdade o único grande defeito diria que é os tempos de loading, que são longos e por vezes constantes ao irmos de um sítio para o outro. Por exemplo se estivermos no meio do nada e quisermos mudar de planeta, podemos fazer fast travel para perto da cidade, um loading, depois outro para entrar na cidade, outro para entrar na nave e mais um para sair da nave. Quando completamos algumas missões e estamos só a ver o desfecho das mesmas pode tornar-se um pouco entediante. A conversa toda dos tempos de loading super reduzidos da próxima geração podia ter aqui um efeito muito positivo. Fora isso é um RPG muito competente que é também um shooter igualmente competente. Há uma panóplia de skills que nunca achei ficarem overwhelming ou fora de controlo, até porque o jogo faz um bom trabalho em fazer-nos perceber o que precisamos. É claro que requer a sua paciência, mas se estamos habituados a este gênero de RPG, facilmente nos familiarizamos com o sistema que nos é apresentado.

Surpreendente é podermos ter sempre outros membros na nossa equipa. Também há coisas boas em andarmos sozinhos, mas sinceramente é muito mais positivo andar acompanhado. Não é comum noutros jogos do mesmo género, embora comum em jogos como Dragon Age ou Mass Effect. Há vários companheiros possíveis, todos diferentes, e não chateiam muito. Têm uma skill tree só de perks bastante simples e desenrascam-se bastante bem sozinhos depois de os programarmos para o estilo de jogo que queremos ter. Todos eles têm também uma side quest para resolver problemas pessoais, todas elas são muito fixes, é o tipo de missões que deveriam existir como conteúdo adicional. Algo que acrescenta à história, que nos faz querer saber das personagens, que constrói o relacionamento e o mundo envolvente. O oposto de “vai-me ali se faz favor matar 3 lobos”. Outer Worlds só tem dois endings diferentes, e ainda bem, poucos mas bons. Mas há um pormenor engraçado, a certo ponto do jogo, se a vossa personagem for um granda asno, podem ter um final super foleiro, portanto sejam inteligentes. Por falar em personagem, não percam duas horas na aparência do personagem, não vale a pena, vão andar sempre de armadura e em first person perspective.

Devo confessar que dos jogos mais badalados de 2019, Outer Worlds não é o meu favorito, ainda tendo a ter um carinho especial por Death Stranding, mas é um excelente RPG. Um que foi construído de raíz para o ser, e não um jogo de acção convertido a RPG para dar mais horas de jogo onde não valia a pena as ter. Foi feito por uma empresa que sabe muito bem o que está a fazer, com muita experiência no gênero, e o resultado está à vista. Não é que seja uma cópia ou uma imitação de Fallout 4, porque na base são dois jogos muito diferentes, mas acho que Outer Worlds é uma experiência muito mais única e mais diversificada e interessante.

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