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Assassin's Greed: Cashdyssey

  • Writer: Gameverna
    Gameverna
  • May 3, 2020
  • 8 min read

Uma análise a Assassin's Creed: Odyssey

Desde o primeiro assassino querido, à uns 12 anos e 450 jogos atrás, que gosto imenso desta série e joguei todas as suas entradas. Menos o chronicles que não tem nada a ver. Até agora não houve um que não gostasse. Como muitas outras pessoas não sou grande fã do terceiro, embora ainda assim o considere bastante bom. Sou uma das poucas pessoas que não apanhou 50 milhões de bug e que adorou o Unity. O Syndicate teve a pior narrativa de sempre, apesar do jogo ser muito bom, e esperei demasiado para jogar o Origins. Não sei porquê, adoro a temática do egipto, mas talvez a minha vida estivesse ocupada com outras coisas. Quando o fiz pensei exatamente isso “porque é que não comprei isto no lançamento?”, porque vale realmente a pena, é um grande jogo, apesar da personagem principal ser um bocado sem sal. Apesar de ter gostado muito do Origins, passei outra vez à frente do Odyssey no lançamento, por e simplesmente porque sinceramente é raro comprar um jogo quando sai devido ao preço. Só em muito raras ocasiões o faço, como foi o caso do Final Fantasy VII Remake agora recentemente ou o Death Stranding o ano passado.

Ao fim de sensivelmente um ano e meio lá cheguei finalmente ao Odyssey. Na verdade não tinha muita pressa, porque o recentemente anunciado Valhalla, sabíamos que iria demorar dois anos a chegar até nós após o lançamento de Odyssey. Este período de quarentena, não obrigatória para a maioria ao contrário do que a população acredita, acabou por servir como a desculpa ideal para investir uns euros na última aventura dos assassinos contra os templários. Pena que, nem assassinos nem templários. Somos apenas um gajo/gaja (podemos escolher) que habita a grécia no século V antes de cristo, durante a guerra da peloponésia. Uma das coisas mais engraçadas neste jogo, é a rapidez com que passamos de “gajo grego” para “lenda do mundo”. Já agora, joguei com o Alexios, por isso irei falar na personagem em masculino. Existe também a possibilidade, pela primeira vez, de optar pelo sexo feminino escolhendo a Kassandra. Não se preocupem com a orientação sexual, embora em Odyssey existam romances, nem ele nem ela são esquisitos. Devia haver um disclaimer, se soubesse isto à priori tinha escolhido a Kassandra, sempre era mais agradável aos olhos do que estar sempre a olhar para o Alexios. Já que isto é um RPG praticamente puro e duro podia vir nas características do personagem - Pansexual.

A nossa odisseia começa na pequena ilha de Kephallonia, onde somos apenas um rapaz de recados para um amigo local. Amigo esse que mais vale ter inimigos. Ao início, mesmo naquela de dar try hard, fiz tudo o que havia para fazer. Todas as grutas, todos os outposts, todas as missões… enfim tudo! Demorei talvez umas cinco horas. Depois disto viajamos para Megaris, e quando saímos do porto de Kephallonia aparece o logo “Assassin’s Creed: Odyssey”. Pensei imediatamente “foda-se, só agora, se calhar perdi demasiado tempo com isto”, mas a verdade é que o mundo de Odyssey é gigantesco. Estava apenas no início de perceber o erro que havia cometido, um desperdício das minhas limitadas horas neste planeta para nada, ou quase nada vá. A ideia era evoluir o personagem para mais fácilmente progredir na narrativa principal, que já agora é engraçada, mas não tem quase nada de mistério como os anteriores e acaba de forma super abrupta. isto foi algo que achei bastante útil no Origins porque o grind tornava-se menos maçador mais para a frente, ou seja não era tão necessário, e com muitas horas em cima pode tornar-se contraproducente para a diversão.

Mas aqui isso não interessa, porquê? Porque este jogo tem uma das mecânicas mais idióticas alguma vez implementada nos jogos. Uma das mais inúteis, que apenas demonstram preguiça na construção e balanço do mundo e dos personagens… Uma das mecânicas mais capadoras de divertimento mas também de realização e de progressão de jogo… Level motherfucking scalling. Tenho uma especial ódio a level scalling desde o meu primeiro contacto com a mecânica em The Elder Scrolls: Oblivion. Para quem não sabe o que é, a maneira mais fácil de explicar é que não vale a pena vocês evoluírem o vosso personagem, porque todos os vossos inimigos vão sempre ter o mesmo nível que vocês. A desculpa para a utilização desta mecânica costuma ser “ah e tal mas assim há sempre desafio para o jogador, nunca se torna muito fácil”. É a mesma coisa que vocês estarem a tirar engenharia aeroespacial no técnico, voltarem à primeira classe, mas agora em vez de 1+1 está toda a gente a fazer primitivas. A verdade é que é muitíssimo mais fácil programar um jogo de mundo aberto com level scalling, faz-se um algoritmozinho porreiraço e não temos de nos preocupar com o balanço de nada, está sempre tudo equilibrado. Que seca descomunal. No Oblivion então era ainda mais ridículo porque para evoluirmos o personagem precisávamos de dormir, mas dormir não era obrigatório, ou seja podíamos acabar o jogo em nível 1. Quanto estúpido é isto? É puro e simplesmente mau game design.

Já vamos às coisas boas, mas há outro megalodon na sala. Este level Scatling tem por trás algo ainda mais medonho, as fantásticas microtransações… Estas sanguessugas de divertimento que não deixam desfrutar o jogo na íntegra, que apenas existem porque alguns idiotas por essa internet fora, continuam a esbanjar o ordenado mínimo em redundâncias virtuais. Quando se fala em votar com a carteira, a verdade é que se ninguém participasse deste abuso que piora os jogos para todos nós, as microtransações não existiam. É quase como votar num partido político cujo slogan é “nos próximos 4 anos vamos tornar a tua vida num inferno”. Há microtransações para tudo, fatos, skins para o cavalo, armas, armaduras, recursos, experiência extra, dinheiro extra, you name it! E como é de todo o interesse que estas coisas se vendam toca de tornar o grind no jogo o mais entediante possível, assim podem-nos vender “Time Savers”. Sim, na store existe uma secção para isso, é onde está a experiência a dobrar e o dinheiro a dobrar. É ridículo, mas sabem o que é pior? É que evoluir o personagem depois de certo ponto é problemático. Todo o armamento que temos também têm níveis, e se tivermos o personagem nível 40 mas equipamento for de nível 20, é igual a nada, ou seja, o nosso nível no fundo é para permitir ter equipamento melhor. Mas para fazer upgrade ao equipamento é preciso uma quantidade generosa de recursos, e muitas vezes, mesmo fazendo missões extra, é preciso um grind de algumas horas para evoluir o nosso inventário. No entanto o tecto era nível 50, portanto tendo o equipamento a nível 50 estávamos no máximo das nossas possibilidades e, era aqui que muita gente começava a realmente desfrutar do jogo. O que é que a ubisoft fez?! Subiu o level cap para 99! Ideia genial, assim pode ser que mais alguns marmelos comprem recursos a um preço idiótico no menu das microtransações, em vez de farmarem durante 5 horas. A sério, é uma, peço desculpa pela expressão, filha da putisse.

Quando me apercebi de que este era o rumo pelo qual o jogo me queria levar, disse para mim mesmo que não ia compactuar com este atentado à minha inteligência. Como tal foquei-me na narrativa principal e, em algumas missões secundárias que achei interessantes de ver a sua resolução. Se os últimos parágrafos são uma nota muito negativa, também é verdade que não foi o suficiente para me fazer desgostar de Odyssey, pelo contrário, no seu todo é um jogo fantástico. Se não fosse as microtransações e o level scalling não sei se esta não seria um dos meus jogos favoritos de sempre. Os gráficos e as paisagens que os mesmos permitem são inacreditáveis, foram imensas as vezes que parei para olhar à minha volta. Quer fosse de noite, de dia, ao pôr do sol, numa ilha ou num deserto, é sempre impressionante o que foi conseguido graficamente. Acho que desde Bloodborne que não tirava screenshots com a PS4, e dei por mim a fazê-lo aqui. Houve uma vez que não resisti, estava no cimo de um monte perto da costa, de noite, e as luzes todas nas ilhas circundantes para além de lindo fez-me lembrar o ecrã inicial de Secret of Monkey Island. A única coisa que por vezes peca é os modelos de certos NPCs secundários, mas sinceramente é de esperar num jogo desta dimensão. Já outros contam com imenso detalhe como é o caso de Péricles ou Sócrates. E tal como todos os jogos anteriores da série, há sempre personagens históricas, aqui com uma pitada de humor extra em algumas delas como no caso de Sócrates, apresentado como um excêntrico da sua época. Embora as ilhas sejam por vezes muito parecidas, quase como que se existisse grupos de ilhas que são assim e outras que são assado, acho que todas têm as suas particularidades. Mais particulares são as vilas e as “cidades” que todas parecem ter um toque único, acho que houve muito trabalho por trás de as tornar distintas.

O combate do jogo está também melhorado, pensei que ia encontrar algo similar ao Origins mas é quase como se fosse uma mistura deste com outros anteriores. É desafiante mas não é injusto, é divertido aprender e melhorar o básico à medida que vamos incluindo habilidades novas para nos ajudar. Agora existem também batalhas entre facções em que nos juntamos a Atenas ou a Sparta, e combatemos contra dezenas de inimigos no campo de batalha. A única crítica negativa que tenho a fazer é a inclusão dos mercenários. Tendo em conta as nossas acções, temos uma barra que sobe que determina o quanto somos procurados e a quantidade de mercenários que temos à nossa procura. Uma das coisas que sempre gostei nesta série é podermos ter várias maneiras de lidar com as situações que nos apresentam. Aqui o stealth acaba por ser muito importante, porque se matarmos vários inimigos à descoberta, o nosso bounty aumenta imenso, e os mercenários não são nada fáceis de lidar. Principalmente quando aparecem no meio de uma batalha que já estamos a ter com três ou quatro guardas, e quando são mais do que um a maior parte das vezes mais vale dar à sola. Para baixar o nosso bounty podemos matar o NPC que está a pagar por ele ou então pagar em ouro, se não tiverem podem sempre passar pela store! Além disso, se deixarmos o jogo várias horas o mesmo também desaparece. Ou seja, está aqui mais uma mecânica para nos fazer voltar regularmente. Embora inconveniente em várias situações não é algo que seja um problema ao nível dos já apresentados.

A verdade é que no dia seguinte a acabar a main quest voltei a pegar no jogo. Já tinha feito muitas coisas secundárias mas queria passar mais tempo na Grécia. Tive que me obrigar a não o fazer porque tenho muitos outros jogos que gostava de experimentar, mas não me admira que um dia lá volte, mesmo se tiver de grindar para evoluir o equipamento. Odyssey é um jogo impressionante pela sua escala, pelo combate muito bem conseguido, mas principalmente pelo ambiente que consegue transmitir ao jogador. Explorar a grécia antiga foi uma experiência incrível, e parece mesmo genuíno. Apesar dos seus problemas, que se prendem na verdade com um problema comum a quase todos os vídeo jogos da atualidade, não consigo deixar de recomendar Odyssey a toda a gente. E provavelmente, se não forem chatos com estas coisas como eu, deixarem isso de lado e seguirem em frente, vão talvez desfrutar mais do que eu.


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